T01 Ep10 O caso Maragogipe

 O CASO


Jeferson Eduardo Brandão, 29 anos e Adriane Ribeiro Santos, 23 anos, moradores da cidade de Maragogipe, na Bahia, se conheceram ainda na escola. Depois de um tempinho começaram a namorar. Durante o tempo na escola, terminaram e voltaram algumas vezes.

Como Jeferson era um ex-usuário de drogas, a mãe da Adriane, dona Rosa, não aprovava o namoro.

Em 2013, Adriane engravida da primeira filha do casal, Gleysse Kelly da Conceição.

Na época Jeferson já estava encostado pelo INSS depois de um acidente de moto em 2011 em que ele sofreu um traumatismo craniano e teve um aprofundamento no crânio.

Adriane e Jeferson foram morar juntos, mas sem se casar oficialmente. E em 2016, tiveram outra filha: Ruteh Santos da Conceição.


Jeferson, Gleysse, Adriane e Ruteh


Adriane era evangélica e muito ativa na igreja Universal há alguns anos e em 2017, Jeferson tambem começou a frequentar a mesma igreja.

Depois de um tempo, Jeferson contou para Adriane que ele havia traído ela com uma ex-namorada, mas Adriane acreditou no arrependimento do marido, na fé que ela tinha e o perdoou, seguindo com o casamento deles.

Em 2017, Jeferson e mais 3 amigos da igreja foram num evento promovido pela igreja na cidade de Conceição da Feira, há uns 40,5 km de Maragogipe. Lá, Jeferson conheceu Elisangela Almeida Oliveira e Valci Boaventura Soares, marido de Elisangela e os dois filhos deles.

Elisangela e Valci


Quando Jeferson e Elisangela se conheceram, ele e Adriane estavam planejando se casar oficialmente. Elisangela, que tinha um pequeno negócio de venda de salgadinhos e doces, se ofereceu para pagar pelo casamento, dizendo que Deus tinha tocado no coração dela pra ajudar o casal.

A partir desse momento, Elisangêla e Valci passaram a ir para Nagé, um distrito da cidade de Maragogipe, onde Jeferson e Adriane moravam. Elisangela gostava que Jeferson a chamasse de mãe.

O casal estava construindo uma casa, acima da casa dos pais de Jeferson. E sempre que Elisangela ia com a família para Nagé, ela ficava na casa em que eles viviam, então Jeferson e Adriane ou iam para a casa dos pais dela ou para a casa dos pais dele, deixando a casa deles para Elisangela.

Durante um tempo, ela ia e ficava um fim de semana. Mas ela começou a dizer que ficaria o fim de semana e ficava por dia.

O casamento de Jeferson e Adriane aconteceu na igreja e como prometido, Elisangela pagou por tudo, ficando em volta de R$ 15 mil o custo. E mesmo essas vindas e estadias prolongadas dela, que obrigava Adriane a sair com as filhas de casa, ela aceitou por um bom tempo, por se sentir agradecida pela ajuda que Elisangela tinha dado.


Jeferson e Adriane no dia do casamento deles, pago, por Elisangela


Mas a paciência da Adriane acabou quando as visitas começaram a durar 1 semana e serem regulares.

Jeferson então conversou com Elisangela sobre isso e ela ficou chateada. Ela foi embora e por um tempo, ela sumiu. Não apareceu, não entrou em contato, não respondia mensagens no WhatsApp ou mandava mensagens também.

No fim de julho de 2018, Elisangela ligou para os pais de Jeferson, que moravam perto dele, e perguntou se ela poderia ir para Nagé ficar por volta de 1 mês e se eles se incomodariam dela ficar na casa deles. Eles permitiram. Nas reportagens que eu pesquisei e li sobre o caso, não fica claro se durante essas idas dela para Nagé, ela ia com os filhos e com o marido sempre.

Na primeira semana, tudo foi tranquilo. Ela ficava entre a casa dos pais do Jeferson, a casa deles e durante a semana, foi para sua cidade ver como estava a venda, a lojinha que ela tinha. Nessa mesma semana, do dia 22 de julho, o cachorrinho da família de repente morreu.

No dia 30 de julho de 2018, Jeferson e Adriane colocaram um pouco de arroz e frango para a filha mais velha, Gleysse, de 5 anos, almoçasse. Ela foi se sentar no sofá, junto com Elisangela, que estava em Nagé pela segunda semana seguinte. Os pais ficaram na cozinha e deixaram ela com Elisangela.

Um tempinho depois, Gleysse chama por eles, dizendo que tava passando mal. Eles correram com ela para o Hospital, em uma cidade pertinho, São Félix. Ela chegou no hospital salivando e com sintomas que pareciam hiperglicemia (que é o excesso de açúcar no sangue). No fim do dia, Gleysse morre no hospital e a causa da morte é dada como natural. Não fica claro se Gleysse era ou não diabética, mas em uma das reportagens, relata que o médico teria achado que ela morreu devido a diabetes, mas em outra, diz que acharam que seria diabética devido a um remédio que deram para ela e que a reação teria sido o aumento de acuçar no sangue.


Gleysse Kelly


Na segunda feira seguinte, dia 06 de agosto, Elisangela estava novamente na casa de Jeferson e Adriane na hora do almoço. Adriane não estava em casa e Elisangela fez uma panqueca para Jeferson e outra para Ruteh, que não época estava com 2 anos. Ele e ela comeram. Ele foi para igreja e lá, avisaram a ele que Ruteh estava em casa passando mal. Ele voltou correndo e levou a filha para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Ruteh deu entrada na UPA com os mesmos sintomas da irmã, morta exatamente 7 dias antes: excesso de salivação e sinais de hiperglicemia.  O médico que atendeu a menina, Sávilo Santana levantou a hipótese de envenenamento. Infelizmente, apesar das tentativas de salvar a menina, ela veio a óbito no mesmo dia.

Adriana posta na sua página do Facebook, após a morte das suas 2 únicas filhas:


“Amores. Eu lutarei para chegar no Céu, para abraçar vocês.”

Gleysse e Ruteh


Uma semana depois, na segunda feira seguinte, dia 13 de agosto, Adriane e Jeferson almoçaram juntos. No fim da tarde, eles se arrumaram e foram para o culto daquele dia. Lá eles encontraram Elisangela. Ela começou a insistentemente oferecer um chocolate morno, para eles, enquanto eles aguardavam o início do culto das 19. Como eles tinham almoçado tarde, não estavam com fome e não aceitaram, mas após muita insistência, Adriane acabou resolvendo aceitar. Ela e mais alguns membros da igreja tomaram o chocolate.

Por volta das 19:30, com o culto já iniciado, Adriane chama o marido e diz que está se sentindo muito mal e que está com medo. Eles correm para a mesma UPA.

Com os exatos mesmos sintomas das filhas, Adriane morre naquela mesma noite.





Depois de 3 mortes, no minimo estranhas, a polícia é envolvida no caso.

Elisangela continua na casa dos pais do Jeferson, dizendo que ela queria ficar perto de Jeferson, que ela dizia ser o filho do coração dela.




A polícia começa a investigar as mortes. Confisca o celular de Jeferson para averiguação. Entre os dias 15 e 20 de agosto, parentes, família de ambos e Elisangela e Valci são chamados para um interrogatório. Na volta do seu depoimento na delegacia, Elisangela questiona em voz alta, quase aos gritos, ao marido, perguntando se ele teria falado alguma coisa errada. Ai, a irmã de Jeferson, Paula e ele, começaram a desconfiar dela.

A polícia pede a exumação dos corpos de Gleysse e Ruteh e em paralelo, pede um mandando de busca e apreensão na casa de Elisangela, em Conceição da Feira.

A justiça autoriza a busca e apreensão na casa de Elisangela e Valci e no dia 05 de setembro, a exumação dos corpos é realizada.

As exumações são feitas e o material dos corpos é colhido no próprio cemitério, sem a necessidade de levar as meninas para algum IML.

O delegado responsavel pelo caso, Marcos Veloso decide pelo pedido de prisão preventiva para Elisangela e Valci, que a polícia alegava ter coagido testemunhas a não contarem ou comentarem nada sobre eles na investigação policial.

 Quando a polícia chega na casa deles, lá em Conceição da Feira, a Elisangela e pega tentando fugir pela janela de trás, vocês credita?




Ambos foram presos no dia 11 de outubro de 2018. Elisangela conta em depoimento que teve uma briga com Adriane por ela achar que Elisangela estaria interessada no Jeferson. Muitas pessoas foram para a delegacia no dia da prisão dela protestar. Pedindo justiça pelo assassinato das duas crianças e da mãe delas.



Protesto na porta da delegacia de Maragogipe no dia da prisão de Elisangela e Valci




População pedindo justiça por Gleysse, Ruteh e Adriane









O delegado havia apreendido na casa das vítimas, um líquido e um chocolate para ser testado e quando o laudo da exumação voltou como positivo para terbufós que é um inseticida usado na agricultura e que tambem está em veneno para matar rato, conhecido como “chumbinho”, ele foi comparado com o que havia no líquido e chocolate colhidos, e ambos continham chumbinho.

Por falta de provas, Valci foi solto em novembro do mesmo ano.

Elisangela ficou detida na Penitenciária Lemos de Brito, Conjunto Penal Feminino.

Ainda presa, ela deu uma entrevista a uma TV local em que insinuava que Jeferson, teria matado a família. 




Em 2019, o processo judicial andou. Houve 2 audiências. Na primeira, foram ouvidas as testemunhas de defesa e na 2 ª testemunhas de acusação.

A Elisangela foi indiciada e acusada de homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, dissimulação e uso de veneno.

O julgamento ainda não aconteceu, então não é um caso concluído ainda. Mas ela ainda está presa.

A última movimentação do processo dela foi esse ano, em março. O advogado dela fez um pedido de habeas corpus. Richard Lacrose, alega que Elisangela precisa do relaxamento da pena ou da prisão domiciliar devido a problemas de saúde que ela tem, a diabetes e hipertensão. Ela tem tambem uma doença chamada bexiga neurogênica, que é um distúrbio causado por lesões cerebrais e que acaba fazendo voce perder o controle da bexiga. E que na prisão, ela poderia pegar alguma infecção ou piorar já que os remédios não eram dados da maneira correta.

O pedido foi indeferido.



Fontes:


G1
Correio 24 horas

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